28/11/2007

O Brasil dos contos de fadas

Um aforismo atribuído de Mark Twain a Benjamin Disraeli define a existência de três tipos de mentiras: "mentiras, mentiras deslavadas e estatísticas". Por isso, cada vez que um órgão solta uma avalanche de números e gráficos, como foi o caso ontem do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pndud), qualquer leitura é possível. Pelo quadro geral, pela primeira vez, o Brasil entrou na categoria dos países considerados de alto desenvolvimento humano pelas Nações Unidas. Para fazer parte desse grupo, é preciso ter IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) superior a 0,800 - numa escala que vai de zero a um. O Brasil ficou exatamente no índice mínimo, resultado de avanços reais no aumento de renda e da expectativa de vida nos últimos anos. Como seria de esperar, o presidente Lula soltou rojões.

Mas basta olhar para o lado para entender que a comemoração deve ser comedida. Como observa O Estado, foi a transferência de renda massificada pelo Bolsa-Família que empurrou o país para cima. A precariedade das políticas públicas de saúde, educação e saneamento não melhora significativamente a vida dos brasileiros.

A Folha mostra ainda que se forem comparados apenas as nações de alto desenvolvimento humano, o Brasil apresenta a maior desigualdade entre ricos e pobres. No índice geral, o país está em 70° lugar no ranking mundial, atrás da Argentina (38°), Chile (40ª), Uruguai (46ª), Costa Rica (48ª), Cuba (51ª) e México (52ª), entre os latino-americanos, informa O Globo.

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