25/05/2010

Conlutas e Bloco de Esquerda fazem a diferença na 1ª Marcha Nacional Contra a Homofobia

No último dia 19 aconteceu em Brasília a 1ª Marcha Nacional Contra a Homofobia, chamada pela a ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transssexuais) para cobrar do governo a criminalização da homofobia e denunciar o fundamentalismo religioso entre outras medidas reivindicadas pelo movimento. A CONLUTAS marcou presença nesta marcha juntamente com o MTL, INTERSINDICAL e a ANEL num bloco de esquerda do movimento GLBT.

O ato contou com cerca de cinco mil participantes e foi bem diferente das atuais paradas do orgulho gay. Teve intervenções políticas, palavras de ordem, faixas e bandeiras de diversos grupos. Além disso, tinha um eixo político claro, o de exigência ao governo Lula, que muito prometeu e nada fez pela diversidade sexual.
Os grupos majoritários do movimento e o governismo - Apesar da marcha ser a expressão da vontade de milhares de ativistas gays e lésbicas de irem à luta por seus direitos e não mais ficar esperando dos governos medidas reais de combate à violência que sofremos, os grupos majoritários do movimento, juntamente com a CUT e a UNE, tentaram de toda forma esconder suas contradições e canalizar o ato para o apoio ao lulismo. Segundo os organizadores não era para se falar mal do governo no carro de som. Isso só se justifica pelas enormes quantias em dinheiro que o governo usa para financiar tais entidades e tê-las à sua disposição, neutralizando o caráter combativo que já tiveram.

O Bloco de Esquerda, uma voz dissonante - Apesar disso, como a razão da marcha era a cobrança por medidas que nunca saíram do papel, a Conlutas e o Bloco de Esquerda fizeram a diferença. Com uma coluna de cerca de 40 participantes de diversos sindicatos, universidades e do movimento popular, os ativistas lançaram um manifesto denunciando a opção de Lula por governar com e para a burguesia conservadora e as bancadas religiosas, este é o real motivo de nada ter sido feito em dois mandatos petistas pelo setor GLBT. Em suas falas no carro de som, os representantes da Conlutas e da ANEL reivindicaram a independência do movimento GLBT com relação aos governos e aos empresários e chamaram a unidade com os movimentos combativos como o sindical e popular.

A presença do Bloco de Esquerda foi muito importante, pois serviu para demarcar espaço na marcha, mostrando aos ativistas que há uma voz dissonante no país. Aqueles que fizeram a opção pela independência e pelo classismo, pela ação direta e pela politização da luta. Ainda mais importante, o fato de termos construído essa coluna com a ANEL, o MTL e setores da INTERSINDICAL mostra que é possível avançarmos rumo a uma nova organização, com bases sólidas para se construir a luta contra a opressão homofóbica junto à classe trabalhadora.

Por fim, uma comissão deveria ter sido recebida pelo governo para a aprovação de dois decretos pró direitos GLBTs. Mas, em função das alianças do governo com os conservadores e da pressão eleitoreira, a solenidade pela qual os grupos majoritários esperavam foi por água abaixo.
De fato, só a luta pode nos trazer a igualdade. E para que a luta seja efetiva, a Conlutas e o Bloco de Esquerda afirmaram sem hesitar, nosso arco-íris tem vermelho, nossos inimigos são o governo e os conservadores e nossos aliados são os movimentos sindical, popular e estudantil.

A tarefa que se coloca agora para nós é construir uma grande plenária nacional no dia 3 de junho em Santos, para preparar o movimento GLBT classista para intervir no Congresso da Classe Trabalhadora.

Douglas Borges do GT GLBT da Conlutas

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