06/03/2009

TRT prorroga suspensão das demissões na Embraer até o dia 13


Em mais uma batalha vencida, sindicato apresentou estudo que comprovaria que as demissões não são justificáveis, mas Embraer continua inflexível. Mobilização vai continuar com mais força

da redação*


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O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) determinou nesta quinta-feira, dia 5, que a suspensão das 4.270 demissões da Embraer seja prorrogada até o dia 13 de março, quando acontece uma nova audiência de conciliação entre a empresa e os sindicatos de metalúrgicos de São José dos Campos e de Botucatu.

A audiência aconteceu em Campinas e foi conduzida pelo presidente do TRT, desembargador Luiz Carlos Cândido Martins Sotero da Silva. Representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, filiado à Conlutas, mostraram-se dispostos a negociar, mas a Embraer manteve-se inflexível e se recusou a apresentar qualquer proposta para reverter as demissões. “A liminar está mantida até o dia 13 março e seus efeitos devem ser respeitados”, disse o presidente do Tribunal.

Atendendo à determinação do TRT, a Embraer apresentou relatórios financeiros que, segundo seus representantes, justificariam as demissões. Já o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e a Conlutas apresentaram um estudo econômico com dados que comprovam exatamente o contrário. O documento foi juntado ao processo.

Entre os dados citados no documento, retirados do site oficial da própria Embraer, a estimativa da empresa é de que o faturamento de 2008 fique em torno de R$ 10 bilhões, repetindo os resultados recordes dos últimos anos. A empresa também tem em caixa R$ 3,6 bilhões, dinheiro suficiente para pagar os salários de todos os seus funcionários no mundo durante dois anos. A carteira de pedidos firmes da empresa continua em cerca de US$ 20 bilhões e a cadência de produção em 2009 também será maior em relação a 2008, que já foi recorde.

Outro dado citado: anualmente, a empresa distribui uma bonificação de R$ 50 milhões à sua Diretoria Executiva, Conselho de Administração e Conselho Fiscal, que somam apenas 26 pessoas. Portanto, é uma das demonstrações de que há espaço para cortar custos, sem que seja necessário demitir trabalhadores.

“A Embraer teve lucros recordes. A queda alegada pela empresa é resultado de especulação irresponsável no mercado financeiro e, por isso, perdeu milhões nos chamados derivativos. É inadmissível que a ganância, irresponsabilidade e incompetência da direção da empresa provoque uma tragédia na vida de mais de 4 mil famílias”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Adilson dos Santos, o Índio.

Antes da próxima audiência, acontecerá uma reunião informal entre as partes, no dia 9 de março, às 15h, no gabinete do presidente do TRT. Caso a Embraer e os sindicatos não cheguem a um acordo nos próximos encontros, o caso seguirá para julgamento.

Para o Sindicato, o resultado da audiência desta quinta-feira dá mais fôlego à luta pela readmissão dos trabalhadores da Embraer. “A audiência evidenciou mais uma vez a falta de disposição da Embraer para negociar e de desrespeito com os trabalhadores. Mas a mobilização vai continuar para que esta decisão de suspensão seja confirmada e a reintegração seja determinada imediatamente”, conclui Adilson dos Santos.

Durante a audiência, manifestantes mantiveram-se em frente ao TRT. Eram, principalmente, trabalhadores demitidos da Embraer que estiveram em Brasília na quarta-feira e foram recebidos pelo presidente Lula.

Parceira da Embraer demite 60
As consequencias das demissões na Embraer começam a surgir. A empresa metalúrgica Sobraer, de São José dos Campos, demitiu na manhã desta quinta-feira 60 trabalhadores do primeiro turno. Há informações de que os cortes continuam no segundo turno. A Sobraer é fornecedora da Embraer em São José dos Campos.


Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Agência Brasil


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