20/10/2006


Relação promíscua

MST encerra trégua nas invasões após eleição, diz Rainha

José Raínha, líder do MST diz que o Movimento dos Sem Terra reduziu o ritmo das invasões em todo o País por causa da campanha eleitoral em favor de Lula
A trégua dada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) nas invasões termina no próximo dia 29, às 5 horas da tarde, quando se encerra a votação para o segundo turno das eleições, disse nesta quarta-feira um dos líderes do movimento José Rainha Júnior. "Vamos sair das trincheiras e retomar as mobilizações."
Segundo ele, o MST reduziu o ritmo das invasões em todo o País por causa da campanha eleitoral. "Estamos na rua agora, mas é para eleger o Lula." Ele disse que esse é o seu compromisso como líder dos sem-terra. "Depois da votação, voltamos a pensar na mobilização."
De janeiro a março deste ano, o MST fez 99 invasões nos 21 Estados em que atua - no ano passado tinham sido 63 no mesmo período. Em abril, houve outras 35 invasões, totalizando 134 em quatro meses, mas em seguida, com o início do período eleitoral, o movimento desacelerou.
Nos quatro meses seguintes, foram apenas 46 ações. O número se manteve baixo em setembro - foram apenas 4 invasões -, e neste mês. Até ontem, tinha sido registrada apenas a ocupação da sede do Incra em Belo Horizonte e de uma fazenda em Roraima.
Segundo Rainha, um provável segundo mandato será "uma grande oportunidade para que o presidente resgate seus compromissos" com a reforma agrária. "O governo federal deu mostras de que quer resolver o problema dos sem-terra, ao contrário do que ocorreu em alguns Estados."
Ele disse que há uma expectativa do movimento em relação ao governador eleito de São Paulo, José Serra, do PSDB. "Durante a gestão do Alckmin (ex-governador Geraldo Alckmin), a questão fundiária foi tratada como questão policial e não política. Muitos líderes foram parar na cadeia. Esperamos que seja diferente com o Serra."
Ele disse que o movimento estará aberto ao diálogo, mas não vai abrir mão das invasões, que ele considera um instrumento de luta. "O Estado tem dinheiro em caixa para adquirir terras e, se não for usado até o fim do ano, terá de ser devolvido ao governo federal."
Segundo ele, o movimento não pretende deixar que isso aconteça. "Vamos para dentro de todas as terras devolutas que tiverem por aí."

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