20/12/2008

Sindminas(RJ) e CUT aceitam discutir direitos se empresa anular demissões

Funcionários  protestam em frente à sede da  Vale/Custódio Coimbra

RIO - Na próxima segunda-feira, o Sindicato dos Trabalhadores na Prospecção, Pesquisa e Extração de Minérios no Estado do Rio de Janeiro (Sindminas) vai entregar uma proposta oficial ao presidente da vale, Roger Agnelli, solicitando a anulação de todas as demissões feitas pela mineradora no Brasil e no mundo. Da parte dos trabalhadores, a contrapartida seria a aceitar a flexibilização de alguns direitos trabalhistas.

- Caso a Vale aceite recontratar todos os funcionários demitidos desde o dia 1º de novembro até hoje, aceitamos negociar a redução de jornada com redução de salários - disse Jorge Campos, secretário-geral do Sindminas.

Na tarde desta sexta-feira o Sindiminas e a Cut promoveram uma manifestação em frente à sede administrativa da mineradora, no Centro do Rio de Janeiro. O protesto foi de ordem pacífica, não houve paralisação das atividades. Os manifestantes acenderam algumas velas em frente à sede e colocaram bonecos no chão, simbolizando as famílias dos 1.300 funcionários demitidos e os 4.400 trabalhadores colocados em férias coletivas pela empresa, em conseqüência da crise financeira mundial.

O silêncio de Lula
O presidente deveria vir a público esclarecer se há um plano do governo para flexibilizar os direitos. Não é possível que Agnelli faça uma declaração desse tipo, sem que o presidente sequer faça um pronunciamento. Não se trata de um empresário qualquer, mas o mais importante do país, a frente da empresa responsável pela maior parte do saldo das exportações brasileiras.

Ao silenciar sobre o episódio, o governo apenas confirma os alertas feitos anteriormente, de que as reformas sindicais e trabalhistas estariam em seus planos.

Os trabalhadores e suas organizações devem preparar-se para grandes batalhas. Os patrões e o governo tentarão jogar a conta da crise sobre as nossas costas. Segundo pesquisa divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo, 42% dos empresários cogitam demitir no próximo período, como forma de cortar custos.

Saídas como essa, de redução de salário e direitos, nada mais são do que chantagens. Propõe-se a destruição de direitos históricos, o rebaixamento dos salários para uma suposta “preservação” dos postos de trabalho. Mas o que são mantidos são os lucros de grandes multinacionais, como a Vale.

Tampouco é possível se deixar iludir pelo caráter “temporário” proposto por Agnelli, como farão muitos sindicatos governistas. O temporário certamente se transformará em “eterno”. Os patrões sempre encontrarão motivos para reclamar de seus lucros.


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