O protesto com beijo gay coletivo está previsto para esta sexta (31) à noite.
Um beijo gay numa festa universitária, seguido de agressões e xingamentos, virou caso de polícia nesta semana e é motivo para uma manifestação com beijo coletivo entre pessoas do mesmo sexo e performance dos atores do Espaço dos Satyros amanhã, no curso de veterinária do campus da USP.
Estudantes de letras, Jarbas Rezende Lima, 25, e José Eduardo Góes,18, que afirmam ser apenas amigos, contam ter sido expulsos por "empurrões e pontapés" depois de um beijo no palco de um baile funk promovido por alunos de veterinária na sexta-feira.
Segundo a versão deles, entre demais beijos de casais mistos, o DJ da festa interrompeu a música, acendeu as luzes e apontou para Lima e Góes. Mesmo constrangidos, os dois continuaram a se beijar até que foram empurrados para o chão por outro aluno. Na troca de insultos, os dois foram expulsos. Em dois tempos, a festa acabou.
"Toda a exposição já foi uma agressão. Fomos expulsos a empurrões e pontapés. A USP sempre foi um espaço aberto. Pessoas contrárias existem em qualquer lugar. O susto foi exatamente por isso. Nos agrediram sem perguntar absolutamente nada", diz Lima.
O casal registrou queixa por constrangimento ilegal e lesão corporal na Decradi, a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância. Um inquérito foi aberto e, segundo a Secretaria da Segurança Pública, o caso será investigado.
O episódio causou consternação entre os demais alunos da USP, que planejam fazer um "beijaço" justamente na sede do centro acadêmico Moacyr Rossi Nilsson, do curso de veterinária, organizador da festa.
O protesto é chamado pela ConlutasAlguns estudantes da USP reivindicam que a reitoria tome providências, que os membros do CA da veterinária façam uma retratação pública e promovam uma festa da diversidade sexual. Assim, estariam desculpados e estaria solucionada a questão.
Nós, da Conlutas, achamos que os membros do CA devem ser punidos e que não podem seguir representando os estudantes. Porém é o próprio movimento estudantil quem deve ditar suas regras e sua dinâmica. Ele deve ser independente para ser combativo. As intervenções da reitoria no movimento estudantil ocorrem no sentido de nos desestruturar e nos reprimir.Há um grande debate não só no campos da USP como em praticamente todas universidades públicas sobre os ataques à liberdade de organização. As reitorias retiram os espaços dos estudantes, punem aqueles que realizam eventos, fazem perseguição política de diversas formas para impor a desmobilização.
É dever de todos que lutam por um outro modelo de universidade, que não produza e reproduza as mazelas socias, denunciar as direções que não nos servem. Sabemos que o capitalismo se utiliza da repressão e da opressão (não só da homofobia, mas também do machismo e do racismo) para garantir a exploração.
No ano passado, os estudantes ocuparam a reitoria da USP e serviram de exemplo para os estudantes do resto do país, que mostraram sua força e impuseram uma derrota aos planos neoliberais. Eles resistiram na defesa de uma universidade pública, gratuita e de qualidade para todos.
Neste sentido, convocamos todos aqueles, independentemente de sua orientação sexual, que se indignaram diante do ocorrido na festa do dia 10 e seu significado a participarem de um grande "Beijaço" em protesto.
Moções de repúdio ao acontecido devem ser enviadas para gtglbt@conlutas.org.br.
BEIJAÇO
USP São Paulo
Campus Butantã, em frente à FEADia 31/10 (sexta-feira), às 22h
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